Quem sou eu

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Não sei se alguma vez lhe contei o que observo em determinados escritos. Às vezes escrevemos muito a nosso respeito, mas do que pensamos, de um modo bem subjetivo. Seu livro está ficando ótimo. Claro que digo isto sem intenção de criticar. Não há espaço para críticas em nada que você escreve. "Os pensamentos de certos homens, mesmo os mais sombrios, dispensam comentários. Então eu só ouço..." - ou leio. É admirável o quanto você é verdadeiro - ou habilidoso em disfarçar o que sente. Será que existe um modo de cauterizar uma ferida aberta por um sentimento não correspondido? Você acredita que a indiferença é a resposta? Eu só tenho dúvidas. Quando escrevemos registramos derrotas e vitórias e revisamos nossas atitudes. Revemos nossos conceitos e valores. A cada ano, perco minhas certezas... decidi seguir um provérbio oriental: "Não há que ser rígido, antes seja flexível" Vou deixar tudo em aberto. "Talvez viver seja simplesmente isso, viver..." Eu queria escrever mais algumas coisas, mas farei isto numa ocasião e local apropriados. LOPES - um amigo

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Carta a LOPES III - Parte 2

Ranzinza

Já rima com cinza, que é esta neutralidade incômoda. O cara não é dedicado à luz ou às trevas. É aquele meio termo. O morno que Jesus tem asco. Aquele cara de inspiração mediana, cujas mudanças são tão peculiares quanto colocar coentro num ovo frito.

É a atitude mediana que evitamos, nobre amigo. O bicho pega, dá cansaço, mas a mesmice é o que evitamos. Chutamos o balde poucas vezes, mas não cansamos de cuspir dentro dele. Fruto de uma revolta mal contida.

Estou em outra cidade, num Estado não tão acolhedor, mas é o gosto pelo desafio que força a raça humana a evoluir. 

O tempo é relativo e volta e meia vem o exemplo de um viagem realizada próxima à velocidade da luz.  Pulsando de um quasar e perpassa galáxias inteiras em poucas horas de jornada. Do ponto de vista do observador ranzinza ocorre um evento corriqueiro. Eu pretendo chegar a maturidade ainda admirado por flutuar numa bolha d'água viajando em torno do Sol.

Meio que espero a luz fazer sua jornada até meus olhos. Nem um pouco invejoso de sua odisséia intergaláctica tendo tão pouco e tanto tempo pela frente para enfim encontrar pouso seguro na minha íris.

Essa luz carrega a essência de um ser. Efêmero como nós, guardadas as devidas proporções.

Só de divagar sobre sua jornada, relaxo. Imagino e fico mais uma vez curioso. E o dia seguinte, o que me trará?

LOPES - 07-12-12

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Sem Remédio




Serão cenas sem fim, sem data.
Ficarão entalhadas nas paredes da memória a me torturar, sem fim...
Me lembrarão que as oportunidades vinheram e passaram, tantas, sem data...

Foram sentimentos secretos, compartilhados à flor da sinceridade.
Nos merecíamos...

Éramos a melhor conjugação da estranha mistura perfeita.
Molduramos uma infinidade de porquês só por diversão.
Somos divertidos, pra nós dois. E como somos bons em nós...
Nós dois.

E nesse emaranhado de coisas que não foram ditas nos perdemos...
Confundimos momentos e falas...
Nosso teatro perfeito terminou numa apresentação catastrófica de Houdini e eu morri.

Embaralhamos o roteiro da vida e transformamos o prólogo de um no epílogo do outro. Numa sucessão de beijos não roubados e programas desencontrados que nos conduziram à trágica linha de chegada de lugar nenhum. Seria o fim.

Mas assim como o sol fala à beleza das flores, e as águas à tranqüilidade da praia. Como os dedos ao frio e o suor ao calor. Como o ar aos pulmões...
Falamos um ao outro!
Quietos,
Calados,
Prometendo a paz que precisamos para sabermos que estamos ali,
Proximamente distantes,
Como sóis que se esquentam mas não habitam o mesmo céu,
Numa situação sem remédio...

Storto... 04-12-12

Aos Jardins


Ao amanhecer, entardecer e à noite,
Ao sol, à lua e às estrelas,
Aos sorrisos...
Sempre volto para os sentimentos que me causam.

Às arvores em primaveras, e outonos,
Ao vento que suas folhas dançam,
Aos redemoinhos de meio de praça em fim de tarde...
Sempre volto quando sentimentos me causam.

À chuva, a janela e à xícara de café,
Aos meus discos sussurrados de jazz,
A um cobertor felpudo e pés se esquentando...
Sempre volto. E quais sentimentos causam?

Aos filmes, musicas e sorvetes,
Às frases inesquecíveis e aos livros de cabeceira,
À saudade do passado...
Algumas coisas sempre causam estranheza em fins de tarde, mas a gente sempre volta...

Às vezes vou e em segundos volto,
Às vezes não consigo voltar.
Às vezes flutuar é a melhor saída, (...)
Dormir, amar, (...) sonhar.

Storto... 28-11-2012

Carta a LOPES III - Parte 1


Nobre Amigo,

Cansei de tentar me desculpar pelas falhas que são tão humanas e tão chatas ao mesmo tempo. Mas se serve de informação para interpretação alheia: Ainda calo a boca de quem disse na década de cinqüenta que o avanço tecnológico serviria para que tivéssemos mais tempo livre no futuro. O futuro dele já passou e temos cada vez menos tempo.

Sua precisão interpretativa me deixa estupefato. De fato estou envelhecendo, mas há quem diga que já nasci assim. Não duvido. Mas com o passar dos anos as percepções se alargam, e temo que a descrença nas pessoas com ela. 

Agradeço pela atenção cultural dispensada. Faz-me bem perceber que alguns ainda se satisfazem com a valoração correta de nosso legado. Triste é perceber que, assim como os mitos, nossa história será folclórica. Sangue transformado em bandeira. Sofrimento em valentia. Dor em sacrifício. Talvez um hino, um dia. Talvez o esquecimento das gretas que escondem a verdadeira história das coisas.

Passo por um período de transição, e não vou cair no erro de Morpheus. Acredito que, assim como a filosofia oriental, é provável que nossas indesejáveis carcaças estejam mais para “as coisas mudam o tempo todo”, todavia, com um leve toque na aceleração dos fatos. Não o fosse estaríamos fadados aos pensamentos comuns, e de simples basta nossa composição cromossômica.

STORTO... 02-12-2012

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Ilusões à Dali


A Persistência da Memória




Gosto de ver-te falar de coisas tão minhas e nossas,
Os mesmos sonhos. A mesma angustia.

Gosto quando parafraseia surpresas e inventa ilusões,
Alguns defeitos. A mesma angustia.

Gosto quando me surpreendes com sorrisos e abraços,
A mesmas crenças. A mesma angustia.

Gosto quando escolhes o que estou pensando e pensas no que estou escolhendo,
Brotam flores. A mesma angustia.

Gosto da espera que me causas e da felicidade por lembrar de mim,
A mesma carência. A mesma angustia.

Gosto porque sempre serão “memórias, crônicas e declarações de amor”,
A mesma inquietação. A mesma angustia.

Gosto porque me falas a alma e nem me olha nos olhos,
A mesma intimidade distante. A mesma angustia.

E sendo parte do que sou, só poderia ser por inteiro sendo o que és e o que sou em mim.

STORTO.'. 07-11-2012

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Novamente




Como sal e água à meia ponte,
Como sol e sal à pele em fim de tarde,
Como solidão, só e nó,
Como todos e só!

Como futuro que não se faz em sonho,
Como sonho que acaba sem sabermos,
Como garganta seca, em nó,
Como solidão e só!

Como timbre que ressoa sem eco,
Como espelho que só reflete vulto,
Como plenitude do que não deveria ser,
Como disfunção e só!

Sem amor, sem afeto, sem nada.
Então cheio de possibilidades.
Para se ser, então, o que se quer ser.

STORTO... 14-07-2012

domingo, 14 de outubro de 2012

Percepções e repercussões



“A minha ilha não existe mais...”
José Paes...
Tenho evitado falar das coisas, da vida.
E nesse processo de reconstrução do que quero pra mim, tenho rasgado muito do que sempre imaginei querer.

Falam muito do que imaginam saber, e como erram.
É como num “teatro dos vampiros”. Alimentam-se de pequenas partes de verdade, e ruminam até acreditar que o é.

As coisa tem ficado mais poéticas, ultimamente.
Tenho lido, visto e ouvido parte do que quero pra mim, mas tudo vem acompanhado de uma tristeza fria, um distanciamento mórbido...

Me disseram que esse domingo chuvoso vai passar, e espero que as propagandas de ração pra cachorro também.
Quando a gente está em pedaços tudo é um bom motivo...

“Há se não fosse o amor,
e força incrível do seu reator...”
...de Lira

STORTO... 14-10-2012

terça-feira, 2 de outubro de 2012

...se numa primavera de paixão e glória... (ou uma breve descrição dos motivos)


O mito da marselhesa!

Avante! Avante! Gritou o impetuoso.
E como que intempestivamente fui! E irei!
Subindo colinas abertas,
Vales algozes,
Desfraldando ventanias.

Avante! Avante! Gritava incessantemente.
E com os ouvidos atentos ouvindo o rufar dos tambores!
Abrindo clareiras ao vento,
Cultivando arvores,
Semeando aptidões.

Avante! Avante! Pensava silenciosamente.
E como conhecidos éramos, nada mais precisava!
Navegamos ferozmente,
Descobrindo ilhas,
Desvendando imensidões.

Avante! Avante! Repete sempre que me esqueço...

Disse-me ele, que ouviu de um marinheiro que já não conta suas histórias, que o guerreiro nunca se cansa. Nunca se acaba. Jamais desiste. 
Que as intempéries do tempo vão e voltam como o tempo.
Que as pessoas são como são e ponto.

Disse que é de sua natureza chamar, por isso grita quando não vou:
Avante! Avante! Gritou o impetuoso.
E como que intempestivamente fui! E irei!
Pois não posso mais ir onde meu coração não está.

Storto... 02-10-12

Quando olho para os lados (with Joni Michell in Both Sides Now)


Joni Michell - Both Sides Now

Balões e fitas e estátuas de papel,
Uma fragrância esvoaça como véu,
Alguns dias tristes me voltam sempre,
São como são...

Agora os dias são mais frios,
E cinzas, e amargos,
São pálidos como ar e poeira,
Amarelados, o dia todo, todo...

Hoje eu consigo ver com clareza os dois lados... sem ressentimentos ou esperanças, sem expectativas ou amor.
E o amor que ficou já não movimenta a razão, já não promete futuros, nem fala de nuvens.
Ficou parado em estações perdidas, como imigrante sem memória, como música sem harmonia.

E a frase que ficou perdida já não tem o mesmo sentido... ou talvez não tenha sentido.
“Eu realmente nunca soube...”

Storto... 01-10-12

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Série: Inacabados – Choro de propaganda



“Muita mágoa demais para um coração”
Vinicius e Tom

O tempo tem trazido consigo uma tranqüilidade estranha, fria e melancólica.
Tenho visto as pessoas passando pela rua e me pergunto sobre a finalidade das coisas.
Sem respostas, sem ideologias, sem paz.
Quero sair dessa situação ridícula de descontentamento velado.

Me comove a simplicidade das coisas...
Um olhar, um gesto, um abraço.

Sinto falta do calor dos abraços e do afagar sem fim.
Ficar quietinho sem mais nada pra fazer que respirar lhe a nuca.
Na própria razão de existir para esse momento.

Sinto falta de me sentir por inteiro, sem máculas.
Das risadas soltas e contagiantes...
Que enchem as salas e vales... Que aquecem o ar.

Sinto falta do que não sei se terei, mas sonhei...

“é preciso inventar de novo o amor”
Vinicius e Toquinho

STORTO.’. 28-09-12

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Palavras

“Chegam e cortam com dor e fel”


Não as quero com figuras que tanto prezo, pois uso o mesmo dia de frio para a tristeza e o aconchego.

Não as quero proferidas sobre o que não gosto, pois me provocam taquicardia na raiva e uma grande vontade de falar o que não deveria quando fico feliz.

Não as quero perdidas nem difíceis, pois mesmo que o controle sobre as horas permaneçam, sempre terão a prerrogativa de assombrar quem as ouviu.

Quero meus pensamentos. Somente!
Neles posso ser quem quiser.
Amar quem quiser.
Me punir se quiser.
E ser só...
“Eu preciso aprender a ser só”

Storto... 25-09-12

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Parte do que sou




Quase sempre não me vêem.
Tenho um silencio pouco percebido.
Como camaleão que não precisa mudar de camuflagem. Como eu.

Tenho uma solidão que não faz parte de mim,
Uma tristeza que não diz quem sou,
Uma dorzinha que não responde pelo que acredito.

Tenho sonhos simples e distantes,
Um querer atroz e quase incontrolável,
Uma certeza que às vezes me decepciona.

Tenho esse jeito moleque de sempre,
Uma abnegação que não deixo transparecer,
Uma mascara que tiro somente para poucos.

Das mascaras que usei na vida, essa é a que nunca tiro. 
Uso algumas por cima desta para que o risco do erro não me ocorra.
Vejo fatos e fotos que não explicam porque as coisas ou as pessoas são assim ou “assado”.
Dizem apenas o que lhes convêm, ou que não é verdade. 
Me desmancho e reconstruo e poucos dias. Ninguém percebe.
Parece ser mesmo a metamorfose da sociedade. Quem sabe?

Vivo me perguntando se as coisas serão assim.
E na desolação da certeza do sim, prefiro viver no meu mundo.
Sem negligencias. Sem amarras. Sem falso torpor.
Só viver.

Storto.’. - Sempre

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Série: Inacabados - Talvez por uma primavera que não chega


Sim! Os ventos iram soprar. Como tudo o que vi da vida. Cumprindo seu curso. Deixando sensações por onde passam. Varrendo o chão. Vibrando a água, derrubando folhas.
Balançando galhos, serão frio e frescor.

Trarão fragrâncias imperceptíveis por tão sutis, ou venenosas ao longe. E mesmo assim serão absolvidos pelo destino que os cabe. Ficarão na lembrança dos que viram seu leve toque pelo ar. E só.

Os últimos do inverno são assim. Carregam mais que frio. São mais que pele seca. São esperança e abraços calorosos. Carreiam o chicotear de sonhos adormecidos em...

Storto... 25-08-12

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Encantamentos


Um campo verde. Arvores ao fundo. Céu laranja de fim de tarde.
Correndo para despistar da ultima campainha que toquei me divirto.
Encantamento.

Gostava das brincadeiras de escola e dos recreios.
Via a felicidade em singelos sorrisos e abraços. Simples assim.
Encantamento.

Não tenho amarras para o mundo.
Sorvete, poesia e um pouco de piada para não transformar a rotina do dia-a-dia em tragédia.
Feliz encantamento.

Tenho esse sorriso fácil, e digo mais de mim do que as pessoas vêem.
Geralmente não vêem.
Elas não percebem, mas quando fico encabulada me faço em olhos rasos e balanço a cabeça rapidinho, em sinal de negação... é mania...  bato com a ponta do All Star no chão, esperando uma resposta, analisando os olhares...

Compenetro-me em novas responsabilidades e tenho medo.
Teria eu me escondido, perdido ou subvertido o encantamento que me torna quem sou?
Tenho certeza que não! Uma dúvida chata que me diz talvez e uma mentira imperativa que sim.

...
Já é tarde... e dentro dos meus encantamentos escuto uma voz distante que parece se aproximar dizendo: “está na hora de ir trabalhar... acorda!”


Storto... 27-08-12