Quem sou eu

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Não sei se alguma vez lhe contei o que observo em determinados escritos. Às vezes escrevemos muito a nosso respeito, mas do que pensamos, de um modo bem subjetivo. Seu livro está ficando ótimo. Claro que digo isto sem intenção de criticar. Não há espaço para críticas em nada que você escreve. "Os pensamentos de certos homens, mesmo os mais sombrios, dispensam comentários. Então eu só ouço..." - ou leio. É admirável o quanto você é verdadeiro - ou habilidoso em disfarçar o que sente. Será que existe um modo de cauterizar uma ferida aberta por um sentimento não correspondido? Você acredita que a indiferença é a resposta? Eu só tenho dúvidas. Quando escrevemos registramos derrotas e vitórias e revisamos nossas atitudes. Revemos nossos conceitos e valores. A cada ano, perco minhas certezas... decidi seguir um provérbio oriental: "Não há que ser rígido, antes seja flexível" Vou deixar tudo em aberto. "Talvez viver seja simplesmente isso, viver..." Eu queria escrever mais algumas coisas, mas farei isto numa ocasião e local apropriados. LOPES - um amigo

terça-feira, 31 de julho de 2012

Carta a LOPES II - Parte 2



Nobre comparsa,

Que vossa senhoria sempre caminhou soturno e macambúzio é fato. Mas o que impressiona é registrar em código binário. Essa tristeza não deveria transmutar em amargura. Não deixe o momento mitigar vosso cinismo. Diógenes cospe no chão só de pensar.

Os perrengues deste novo século enchem o saco. É gente demais, idéias e inovações (dispensáveis) demais. Todos estão inteligentes demais, "sabidos" demais seria o termo mais preciso. Já dizia meu saudoso avô jagunço, tudo em demasia é nocivo.

Vou te contar o que ocorre: "você está envelhecendo". Mais rápido que eu, até. Percebi que era adulto por gastar mais do que ganho e que estou velho por ter tido uma redução considerável na paciência.

Voltando ao seu tumulto, espero que aprenda com decepções cotidianas a não tropeçar com tanta frequência. E se cair, levante! É simples assim.

A trilha sonora para andar em direção ao trabalho zumbizado e autômato:

"ACDC - Girls Got Rhythm" (andar pela calçada bestando);
"Undertones - Teenage Kicks" (olhar as personas na rua);
"Kasabian - Fast Fuse" (Rua onde se localiza a empresa);
 "The Hives - Mad Man" (porta do setor);
"The Foals - Olympic Airways" (Acabou o expediente). 

Aquele abraço. 

LOPES - 24-07-2012

P.S. - Foals vai em anexo porque a letra é massa e o som minimalista. Kasabian vai porque é foda.  

quinta-feira, 26 de julho de 2012

I’ll see you in my dreams


“Queria entender melhor…”
É o que penso sempre quando termino longas jornadas de disputa entre o que desejo e o que tenho.
Tenho um coração que não cabe em si de tão triste, quando estou triste. Nessas tardes me torno mais frio, longe e contemplativo. Fico conjeturando manhãs de domingo e festas de aniversário. Faço-te completamente perfeita e lembro-me de meus tempos de criança, quando dizia que faria minha vida aos vinte. Comecei aos dezenove, mas você não estava lá.
Fico me prendendo a certezas que ainda me mantém feliz. Como uma musiquinha engraçada dos anos oitenta. E é impossível não pensar como eu gostaria de fazer tudo por você, já que o mundo anda tão complicado. 
Nessas tardes escuto “I’ll see you in my dreams” e esqueço de tudo o que não é perfeito.
“Lonely days are long
Twilight sings this song
Of the happiness that use to be
Soon my eyes will close
Soon I'll find repose
And in dreams you're always near to me”
E, mesmo não te conhecendo (talvez) ainda, já estejamos ligados por esse fechar de olhos.
They will light my way tonight
I'll see you in my dreams”
Storto... 26-07-12

Um Gosto de Sol





Nada será como antes,” Nascimento
Às vezes sou tomado por um forte sentimento de consternação.
Tenho sonhos, saudades, aspas e reticências demais,
Tenho tido medo também,
Mas “esses” deixo passar.
Sou como a cor da noite que enobrece o coração dos apaixonados,
Tenho sede do novo e memória do velho.
Sinto uma profunda paixão por tudo aquilo que vivi,
E um sentimento de pertencimento solitário à soleira da porta, pelas coisas que senti.
Não explico fatos e fotos em vão.
Cometi erros que poderiam comprometer uma jornada,
Mas também vi florescer acácias de onde minha dor alcança.
Então sou grato.
Não sou provedor de lamento em parceria de algozes.
Sou todo particular onde há particular, e porque não seria?
Se o toque do sal e do mármore é verdadeiro, então sou.
Porque as colunas não foram feitas para cair,
Ficaremos para a eternidade.
“Sei que... amanhã...” Milton
Storto... 26-07-12

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Carta A LOPES II - Parte 1


Nobre amigo,
Hoje estive às faces de um sentimento que compartilhamos, e por falta da presença amiga é que lhe escrevo. Presenciava mentalmente, induzido pelas ondas sonoras de alguns mestres, eventos que emotivamente cultivamos participação. “For Bangladesh” (Harrison), “Farewell” (Baker-Clapton-Bruce), “At The Apollo” (King)...
São momentos inescrupulosos, e nossa fé se confunde com nossa imprudência. Vejo o alterar do sentido de muitos, e a apatia de outros. Em que elementos que nos denigrem são os mesmos que nos enobrecem. E o tempo é tão curto...
Tenho andado contemplativo. Emergindo em poucos momentos de social alegria, mas a poucos causo estranheza. Seria o cinismo do qual nos acusaram? Sou de propósito firme e inviolável, mas já posicionado no Front devo reconhecer que a batalha é dura e a fada verde já não tem cumprido com seu papel. Sabeis tão bem quanto eu que quando os meios são irrelevantes, não existe causa que justifique os males.
Tenho procurado o mais profundo silêncio, e começo a me perguntar se já não o faço sem motivos. A solidão que habita meu espaço se tornou refém de minha vida atribulada. Agora são amantes em mim e tem como varão uma tristeza agonizante e sorrateira em todos os meus fins de tarde.
Tomara Luz!
STORTO – 11-07-2012

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Depois da Chuva...





Compêndio I.
PARTE 1:
Te vi.
Você usava pulseirinhas no braço e tinha livros na mão.
Eu, camisa preta e medo no coração. 
Não prestei atenção em você. Estava preocupada com meu desafio: dar aulas à noite, para o ensino médio. Mas,
Te vi.
Você perguntou se eu era aluna ou professora. Rssr.
E disse que eu parecia tanto uma de suas amigas que só poderíamos ser irmãs. Rsrsrs (de novo).
Não prestei atenção em você. 
Não que você não fosse agradável, mas é que na época pouca coisa me interessava. 
PARTE 2. 
Primeira vez que te vi tocando violão.
Sensação boa. Segurança, afago, distante intimidade boba, comunicação em silêncio. Não pedi as músicas, mas você tocou mesmo assim.
Fechei os olhos. Mas foi, talvez a primeira vez que te vi. Foi como viajar em direção a um lugar tão distante.
Como uma dessas sensações suaves que de vez em quando e tão de repente nos surpreendem e nos arrebatam. Medo.
Abri os olhos...
PARTE 3.
Ontem conversamos demais! Nó!! Você não se lembra por que, na verdade, não estava lá (ou aqui). Curioso... 
Passamos horas conversando, foi engraçado. Por que às vezes você fala demais e eu não consigo acompanhar. 
Aí você diz que eu falo de menos. Não ligo. Você diz isso por que se sente culpado em ter esgotado o assunto. Bobo.
Falei que não gostava do escuro. E você reclamou de novo que o ano tá acabando e seu jardim não tá pronto.
Reclamamos juntos dos péssimos diretores que desperdiçam milhões e no final o filme fica uma porcaria.
E imaginamos finais melhores para todos os filmes ruins que assistimos. 
Escolhemos umas música (briga!) e eu tentei te explicar por que Steven Spielberg é o melhor diretor, roteirista e produtor de toda a história do cinema, mas você é muito cabeça dura. Mudamos de assunto 62 vezes.
Disse pra eu deixar de preguiça e regar as plantas do quintal. Não quero! São do meu pai. Ele regue!
E voltamos a falar do meu cabelo. Meu Deus! Você reclamou por eu ter cortado o cabelo. Preferia ele compriiiiiiiiiiiiiiiido e cacheaaaaaaaaaaaado! Já entendi! 
Vai crescer antes da primavera. Eu sei. Vai dar até flor. Begônias, hortências, margaridas e girassóis. Ah! Girassóis!
Você não admite, mas tem dificuldade em aceitar as opiniões que se diferem das suas. Tudo bem, muita gente é assim e convive bem em sociedade. Então nada de camisas de força por enquanto. Você riu de mim -de novo- quando eu disse que adorava quebra cabeças. Estou me preparando para o de 2.000 peças! Um feito na história!!
Ah! Não gosto quando ri de mim.
Deixamos um pouco de assunto para amanhã. Sempre deixamos um pouco de assunto para amanhã.
Você me chamou pra caminhar. Eu sugeri um passeio de bicicleta, ainda lembra como é?. Ok. Pra onde?
"Até onde a gente chegar. Numa praça na beira do mar. Um pedaço de qualquer lugar, nesse dia branco, se branco ele for...". 
Se branco ele for... 
Choveu. Belo! Nos calamos em devoção ao som das gotas. 
Você cozinhou pra mim, e eu ri. Você recitou Neruda, e eu chorei. Você tocou Los hermanos e eu dancei.
E no fim de tudo foi impossível não pensar: "how I wish you were here"...
E não falamos nada sobre o mundo real, sobre o que acontece lá fora.
Será que "nós dois temos os mesmos defeitos" achamos que sabemos tudo ao nosso respeito... E é tão fácil achar isso, né? 
Bobagens, bobagens, bobagens.
Melhor se fosse música. começaria com uns acordezinhos bobos, uns barulhinhos de vento, uma assobio pra terminar e pronto. Me fez feliz.
"Talvez amanha...
                        Talvez esse temporal saia do caminho. 
                                                                            Por hoje é só"
Estrela - Dez - 2011