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Não sei se alguma vez lhe contei o que observo em determinados escritos. Às vezes escrevemos muito a nosso respeito, mas do que pensamos, de um modo bem subjetivo. Seu livro está ficando ótimo. Claro que digo isto sem intenção de criticar. Não há espaço para críticas em nada que você escreve. "Os pensamentos de certos homens, mesmo os mais sombrios, dispensam comentários. Então eu só ouço..." - ou leio. É admirável o quanto você é verdadeiro - ou habilidoso em disfarçar o que sente. Será que existe um modo de cauterizar uma ferida aberta por um sentimento não correspondido? Você acredita que a indiferença é a resposta? Eu só tenho dúvidas. Quando escrevemos registramos derrotas e vitórias e revisamos nossas atitudes. Revemos nossos conceitos e valores. A cada ano, perco minhas certezas... decidi seguir um provérbio oriental: "Não há que ser rígido, antes seja flexível" Vou deixar tudo em aberto. "Talvez viver seja simplesmente isso, viver..." Eu queria escrever mais algumas coisas, mas farei isto numa ocasião e local apropriados. LOPES - um amigo

domingo, 15 de abril de 2012

Chegará



La Mariee - Chagall



Queria falar sobre as coisas que não digo. Nessa roda-viva que constrói a história de pessoas que nem percebem fazer parte desse teatro triste, as engrenagens nem sempre estão em sentido horário.
Tive que puir meus joelhos nos cascalhos da vida. Em amizades frias e destinos que não se cruzaram.
A tristeza da velhice que se aproxima troco pela reflexão da sabedoria de cadernos em branco ainda abertos pelo vento da tarde. Tardes de outono e inverno. Serão tempos difíceis esses.


Serão dias frios e você não vai estar lá, num lugar que é só meu. No lugar que é todo nosso ainda não tem a marca da sua postura. Você nunca sentou por lá. Tem sempre uma xícara de chá em cima da mesa, para o dia em que você me descobrir. Odiaria não poder lhe aconchegar o paladar, enquanto discutimos sobre alguns poetas.


De todas as tralhas que você trará consigo, para se juntar a tantas que já tenho, terei brilho nos olhos para nutrir a alegria de nossa cumplicidade e amor para rechearmos nossas segundas-feiras.
Vestirei minha melhor domingueira, ou qualquer coisa, já que não fará tanta diferença. Estaremos nos olhando, tão atentamente, que o transporte para essa realidade em que só existe eu e você será inevitável.
Chegará o dia em que teremos um fim de tarde sem ter que trabalhar depois das sete. Um bom vinho ao som de Chico Buarque, Al Green, Joni Michell e todas as nossas possibilidades entre nossos olhos sob um céu azul escuro de Chagall e bodes tocando violino. Afinal de contas, “felicidade não é felicidade sem um bode tocando violino”.
STORTO... 13-04-2012

6 comentários:

  1. Que lindo, Rafa... e vc, como sempre, a sensibilidade em pessoa!

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  2. Obrigado Line! Vindo de você é um grande elogio!!

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  3. "Tive que puir meus joelhos nos cascalhos da vida. Em amizades frias e destinos que não se cruzaram.A tristeza da velhice que se aproxima troco pela reflexão da sabedoria de cadernos em branco ainda abertos pelo vento da tarde. Tardes de outono e inverno. Serão tempos difíceis esses."

    Gostei desse trecho, principalmente "amizades frias e destinos que não se cruzaram".

    Bacana teu texto.
    Finalmente consegui te seguir.
    Abraços.

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    1. Obrigado pela atenção Rose!
      Fico feliz que tenha gostado!
      Abraços.

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  4. Lindo, lindo, lindo!
    A gente gosta de "cada coisa" né? rsrs
    Gostei muito. Admiro muito quem tem o dom com palavras! Quem tem esse dom, tem muito poder! Parabéns!!
    Bjoos.. =D

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    1. Laninha,
      Acho que não sou merecedor de tantas palavras lisonjeiras...
      Mas em tempo, obrigado pelo carinho!
      Bjoos.. =D

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