Quem sou eu

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Não sei se alguma vez lhe contei o que observo em determinados escritos. Às vezes escrevemos muito a nosso respeito, mas do que pensamos, de um modo bem subjetivo. Seu livro está ficando ótimo. Claro que digo isto sem intenção de criticar. Não há espaço para críticas em nada que você escreve. "Os pensamentos de certos homens, mesmo os mais sombrios, dispensam comentários. Então eu só ouço..." - ou leio. É admirável o quanto você é verdadeiro - ou habilidoso em disfarçar o que sente. Será que existe um modo de cauterizar uma ferida aberta por um sentimento não correspondido? Você acredita que a indiferença é a resposta? Eu só tenho dúvidas. Quando escrevemos registramos derrotas e vitórias e revisamos nossas atitudes. Revemos nossos conceitos e valores. A cada ano, perco minhas certezas... decidi seguir um provérbio oriental: "Não há que ser rígido, antes seja flexível" Vou deixar tudo em aberto. "Talvez viver seja simplesmente isso, viver..." Eu queria escrever mais algumas coisas, mas farei isto numa ocasião e local apropriados. LOPES - um amigo

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Carta de Carlos, O Temerário, Duque de Borgonha a Luis XI de França

Carlos o Temerário, Duque de Borgonha Peter Paul Rubens

Ao quinto dia do mês de janeiro de um mil quatrocentos e setenta e sete, do ano de Nosso Senhor,

Tão Nobre Luís,

Tão longe é a paz que sentiria, assim como tão perto é a desgraça que me alcança, nas tardes de cinzas e dor.
Quando contemplo pedaços meus e de tão nobres outros pelo campo de batalha.
Teríamos paz se evitássemos tamanha enfermidade?
Já não contemplo respostas.
Seria o medo que tenho do fim?

Partiria menos triste se soubesse que meu povo viveria em paz. Temo que por derrotado causaria sérias transformações em minha Borgonha
Soube por meus informantes que pretende tomar Artois, Boulonnais, Hainaut e a Picardia. Seja piedoso. Outros não devem pagar pelos erros que cometi. 
Aguardo o fim como quem sente ares de novas aventuras. Do desconhecido.

Parto em pedaços pois o laço e a espada serão meus algozes, mas minha alma imortal lhe aguarda do outro lado. Nada nos podera atingir. Nem os medos, nem as responsabilidades.

Só quero como tetemunha o céu noturno, a estrela matutina e a promessa de uma eterna aurora.

Carlos, Duque de Borgonha

Carta a LOPES IV – Parte1


Percebeu que quando a gente perde, não raramente a situação desperta a criatividade?

Sempre disse que a morte nos torna filósofos. Apresento essa frase que ouvi há muito como axioma. 

Mas o término de relações tem um 'que' de morte.

A insatisfação

Quem me dera a vida toda pra viver
Muito embora viva tanto e sem sentido
Sinto o nada e o oposto irei dizer
Quando não estou chateado mais contigo

Volta e leva logo minha dor terrena
Vai e traz logo o limbo de minha paz, Serena

Extirpando 

Sai de meu tecido sua suave pele
O hálito doce que a um beijo compele
Rendição, nunca um bom atrativo
Sofrer ao viver só sem sequer ter um motivo

Nunca mais outra vez é a que se refere
Olho no olhar daquele outro que a prefere
Tudo neblina e opaco. Ama aquela voz
Grave de um terno amor que hoje seu algoz

Querer distância ao que te fez tanto bem
Morar distante num futuro sem enxergar além
De um palmo do próprio peito nu
Ninguém para abraçar o sonho de dois em um

Ela quer ficar só. Ele de pó em pó em portas estranhas
E desatado o nó a liberdade extirpada em suas entranhas

L O P E S 19-11-2013

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

NÃO É PARA TER SENSO

O Suplicante - Picasso


Um pé tocou o outro. Cúmplices, que nem espinafres batidos, entreolham-se estrábicos. “Isso tudo aconteceu na semana que vem”. Pensei alto demais e a parede ouviu.
Bato o carro na pilastra da garagem e o céu desaba, mas passa por
mim. Tartarugas retiram meu corpo inerte das ferragens, dizem que vai ficar tudo bem numa língua que não compreendo ainda.
Depois de chorar duas jujubas, encontro meu avô sentado no colo de meu filho. Ele é diabético e não deveria olhar para o eclipse. Pelo menos, não diretamente.
Saio do hospital com o braço esquerdo erguido, cantando o Hino Nacional e esperando que o tempo mude. Penso em escalar o Everest de sunga, mas ainda estava solteiro.
Algo errado não estava certo, portanto fui visitar Dona Alzheimer, a vidente caolha. Ela viu um futuro brilhante e recomendou o uso de óculos escuros. Tirei um coelho da cartola e entreguei a primeira Alice que vi. “Fim de papo”, disse o sapo.

Lento, rastejou nojento, tropeçou no vento e descansou ao relento.
Chato, tropeçou no mato, caiu como um pato e descalçou o sapato.
Sento, mas por um momento enxerguei cem porcento do ungüento.
Fato, inverdade e desacato, maldade e pau no gato, dom é inato.

L O P E S - 29-11-2012

À deriva




Me incomoda as coisas que perdi. E isso acontece toda vez que me perco.
Uma música, um sentimento, um poeta um pintor...
São coisas que se vão perdidas no espaço do tempo que não virá
Como as pessoas...

Nadando no mar gélido da indiferença que construí para mim sou triste.
Seria possível futuro?
Sinto perder o tato, o gosto,
Sou só solidão...

“...Mas encolho os dedos / e aperto em olhos / o medo do fugir,
E vai mais um quase toque / A boca que arde / de tanto mentir...” Malu Magalhães

Ouvindo os sons do silencio refaço-me das incoerências a que me induziram.
Culpado! Culpado! Acuso-me.
Vai saber...
Me vejo, me olho e protesto! Sou parte do fim que acabou sem começar. Culpo-me.

“... quantas são as dores e alegrias de uma vida, jogadas na explosão de tantas vidas, vezes tudo que não cabe no querer.../ Vai saber se olhando bem no rosto do impossível, o véu o vento o alvo invisível, se desvenda o que nos une ainda assim...” Marcelo Janeci

E estando à deriva vou... sem lembranças.
Apenas maculado pela tristeza do erro triste,
Mas com flores nos olhos e um futuro explendoroso no coração.

Storto - Em algum lugar do passado