Carlos o Temerário, Duque de Borgonha Peter Paul Rubens
Ao quinto dia do mês de janeiro de um mil quatrocentos e setenta e sete, do ano de Nosso Senhor,
Tão Nobre Luís,
Tão longe é a paz que sentiria, assim como tão perto é a desgraça que me alcança, nas tardes de cinzas e dor.
Quando contemplo pedaços meus e de tão nobres outros pelo campo de batalha.
Teríamos paz se evitássemos tamanha enfermidade?
Já não contemplo respostas.
Seria o medo que tenho do fim?
Partiria menos triste se soubesse que meu povo viveria em paz. Temo que por derrotado causaria sérias transformações em minha Borgonha
Soube por meus informantes que pretende tomar Artois, Boulonnais, Hainaut e a Picardia. Seja piedoso. Outros não devem pagar pelos erros que cometi.
Aguardo o fim como quem sente ares de novas aventuras. Do desconhecido.
Parto em pedaços pois o laço e a espada serão meus algozes, mas minha alma imortal lhe aguarda do outro lado. Nada nos podera atingir. Nem os medos, nem as responsabilidades.
Só quero como tetemunha o céu noturno, a estrela matutina e a promessa de uma eterna aurora.
Carlos, Duque de Borgonha