Quem sou eu

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Não sei se alguma vez lhe contei o que observo em determinados escritos. Às vezes escrevemos muito a nosso respeito, mas do que pensamos, de um modo bem subjetivo. Seu livro está ficando ótimo. Claro que digo isto sem intenção de criticar. Não há espaço para críticas em nada que você escreve. "Os pensamentos de certos homens, mesmo os mais sombrios, dispensam comentários. Então eu só ouço..." - ou leio. É admirável o quanto você é verdadeiro - ou habilidoso em disfarçar o que sente. Será que existe um modo de cauterizar uma ferida aberta por um sentimento não correspondido? Você acredita que a indiferença é a resposta? Eu só tenho dúvidas. Quando escrevemos registramos derrotas e vitórias e revisamos nossas atitudes. Revemos nossos conceitos e valores. A cada ano, perco minhas certezas... decidi seguir um provérbio oriental: "Não há que ser rígido, antes seja flexível" Vou deixar tudo em aberto. "Talvez viver seja simplesmente isso, viver..." Eu queria escrever mais algumas coisas, mas farei isto numa ocasião e local apropriados. LOPES - um amigo

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Ontem




Ontem eu fiquei um tempo lendo lista telefônica. E pode parecer estranho, mas era justamente como eu me sentia naquele momento. Procurando algo sem saber como o seu nome começava. Vendo coisas que eu nem sei o que são.

Ontem eu andei por ruas que não tem mais significado para mim. Li letreiros em néon. Placas cegas. E me recordei que naquele ponto já não existe mais o armazém de utilidades. Não existem mais armazéns.

Ontem procurei numa casa reformada as lembranças de uma velha amizade. Acho que nem amigo eu encontrei. Não me lembro... Ou foi a mim mesmo que não encontrei? Acho que de certo só a lembrança de não ter encontrado algo.

Ontem amanheceu, entardeceu e por fim, como sempre, anoiteceu. Fez-se sol, chuva, calor, e no meio da noite um frio de dar inveja a edredom. E como em todos os dias me perguntei qual o propósito de tudo isso...

Hoje eu me lembrei.

Storto... 28-01-11

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Desilusões




Seriam as desilusões o triste da vida?
Seria o fim?
Como se chegaria a tal verdade?
Existiria a verdade?

Não deveríamos perguntar primeiro?
E se não fosse a solução?
Jamais iremos saber?
Será que queremos saber?

Mas e a dor de saber a verdade?
A minha ou a sua?
Verdade não é verdade de qualquer jeito?
É?

Conseguiu entender o real propósito?
Ele já não estava definido?
Mas você conseguiu?
Não é o que já estou fazendo?

Era pra ser assim?
Você não acha que eu estou fazendo o melhor?
Será que só esse melhor resolve?
Será que eu consigo fazer mais?

Você pensou que seria assim?
Assim?
É!?
...


Xavier
Aos vinte e seis dias do mês de janeiro do ano de Nosso Senhor.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Desambiguação


Palavra esquisita. Cheia de significado e vazia.
É nesses dias que não sei por que somos. Porque queremos tanto algo que nem sabemos se é bom. Eu queria uma vida que não tenho. Mas acho que se eu tivesse a vida que não tenho não iria querer ela também. Acho que isso é parte do que somos. Todos. Uns mais outros menos. Mas todos.
Eu queria “a sorte de um amor tranqüilo”. Mas quem pode querer isso? Tão “boring”. Tão branco. Tão inglês. Sem ofensas é claro. Afinal de contas quem não gosta daqueles ônibuzinhos vermelhos? Ingleses, chatos, mas legais. Eu acho que eu não iria querer. Ter alguém sempre ao seu lado, sem mais um motivo pra estar lá por toda manhã de luz cálida. Todos os fins de semana no parque, pela grama. Ou na praia. Todas as músicas pra se ter sempre por perto. Todas as pinturas da casa no fim do ano. Os passeios pra casa dos nossos pais. Levar as crianças na escola. Entregar presente ainda na cama. Fazer café da manhã. Natal. Fazer festa surpresa. Ficar triste. Chorar. Ter mais motivos para voltar a sorrir e sorrir. Se beijar embaixo do visgo na noite de natal (muito norte americano, mas serve). Escolher trilhas sonoras de filmes. Lembrar da data de aniversário, esquecer a do casamento, mas nunca esquecer a data da sogra. Dia das mães. Termos sempre os amigos por perto, afinal de contas os amigos são sempre mais importantes!
Passar por gripes e outras enfermidades mais atrozes. A febre das crianças que não quer passar. O cabelo que ela insiste em tentar alisar, a filha que pretende fazer enrolar. Fazer pizza sexta à noite. Lembrar de chamar os amigos. Pagar as contas. Fazer novos amigos. Pintar a casa novamente. Ir escolher as plantas do jardim. Quem vai cuidar dos peixes? Preciso de um cadeado. Será que ela vai gostar desse perfume? Acho que sim. Esse é o quinto e até agora eu acertei...
Montar a arvore de natal. Escolher a casa no carnaval. Comprar o peixe da semana santa. Ir à feira com as crianças nos ombros. Dar importância a isso como parte das coisas boas da vida. Sempre se lembrar dos amigos. Da imortalidade da alma. Dos bons filmes e das musicas que nos marcaram. Terminar aquela partida de xadrez. Construir a casinha do cachorro. Tomar banho com ela sempre que possível. Fazer com que isso seja sempre possível. Cantar “She”. Recitar Neruda. Surpreendê-la. Sempre. Adormecer com ela em meus braços e acordar para vê-la dormindo. Quem sabe no chão, pra quebrar a rotina. Depois de um tempo quem sabe com as crianças nos acordando em um domingo de manhã. Talvez a luz que tenta entrar pela cortina. Talvez minha impaciência que tenta entrar em um sonho tão meu e tão longe. Talvez a inconsistência que impossibilita a realidade. Talvez a realidade que impossibilita o sonho. Quem sabe não “ser teu pão, nem tua comida”. De algum jeito, talvez, “todo amor que houver nessa vida”.
Mas “sem trocados”, por favor.

Storto.. 08-11-2010

Significado


Procurar sentido nas coisas da vida é um ato de fé.
Não! Não me tornarei um fanático religioso. Acredito ser um ato de fé em benefício próprio (o que até certo ponto é redundante se pensarmos que qualquer associação à fé passa pelo crivo da razão própria e, portanto, já é um atributo pessoal... deixa pra lá.).

Meus pensamentos vagueiam por paisagens dantescas nos dias em que me sinto tão só. Como em tormentas de auto mar. Como com trovões a lapidar os sentidos. Correm por areias desérticas nos dias em que tenho sede de mim mesmo e vejo tanta palidez nas relações das pessoas. Flutuam em ventos angelicais quando vejo felicidade nos olhos de uma criança. E mergulham em trevas profundas quando não posso entender o significado de tanta tristeza. Meus pensamentos são tão verdadeiros quanto o seu próprio significado o é. Tão tenaz e tão voraz. E no meio de todos esses pensamentos eu procuro o significado das coisas. Um ato tão real quanto o ar que respiro. Tão real quanto à veracidade de não saber de onde ele veio. Talvez das narinas de meu algoz, talvez de meu amor... Mas real.

Raul Seixas diz em uma de suas letras que “tem dias que a gente se sente, um pouco, talvez, menos gente. Um dia daqueles sem graça, de chuva cair na vidraça...”. Talvez nesses dias o significado das coisas seja muito mais sutil. E não precisa ser de maio ou abril. Talvez nesses dias nos aproximemos de nós como realmente somos. Talvez não. E olha que tem gente que nem gosta de Einstein.

Num dia desses sem graça a gente se perde e faz o que se arrepende pelo resto da vida. Ou se encontra e faz o que se orgulha pelo resto da vida. Ou não faz nada e passa o resto da vida a achar que perdeu o dia da revelação da vida.

Talvez seja tudo uma questão de ter significado, ou não ter.

Talvez seja uma questão de não encontrarmos o significado correto para a significância.

Mas de que adianta sem significado?

Storto..10-11-2010

Como Diria Dylan


Os dias têm sido mais escuros. O sol tem emitido mais radiação... As pedras não rolam mais como antes, nem deixaram de criar limo.
Logo as folhas começaram a cair novamente e as pessoas esquecerão tudo que aconteceu em mais um verão. Um verão que sempre fica como o mais inesquecível até que chegue o próximo. Os tempos estão mudando.

Nem todo sentido de sentir. Nem muito frio pra impedir. Ele olha sempre para o futuro e vê notas de peixe. Sempre o objetivo obscuro no coração dos homens. E nem por isso as flores deixaram de desabrochar e libertar seu perfume pelas pradarias nos messes que passaram.

E quem poderia impedi-lo de pensar assim? Quem teria mais motivos para não acreditar nas possibilidades? Mortos que continuam sua obra na vida das pessoas. Pessoas que já estão mortas e nem perceberam...

Meu nome já mudou por várias oportunidades. Nenhum deles diz quem realmente sou. Em uma terra estranha só tenho ele ao meu lado. Mesmo com as duras estradas que ainda trilharei não desacredito na busca da verdade.

Estar consigo e prover a sabedoria. Encontrar nos recantos sombrios da covardia interior o que ainda nos faz pequenos e ser mais. Afinal de contas o Ano Novo pode ser uma forma inteligente de fazer de conta que os grandes erros que fizemos no ano que passou não importam, ou uma oportunidade de fazermos com inteligência a aplicação da sabedoria que adquirimos pelos erros cometidos.

Mas qual caminho seguir?

 Storto... 29-12-10

O que se perde


As palavras que perdi não posso mais dizer. Fazem parte daquele grupo incomodo que carregamos na vida com as coisas que não fizemos. Junto com as tardes de futebol, o doce na vitrine, a roupa da estação e aquele momento do beijo.
Elas estavam carregadas de verdades que hoje me questiono, mas que à época pareciam tão ferozes quanto às que tenho hoje.
Prefiro o silêncio da sabedoria, mesmo não a tendo.

Essa noite parece mais sombria, mais soturna, mais fria... vi luzes de poste falhando, vi sombras no fim das ruas, e como chovendo estava acreditei que fosse um pesadelo.
Não era. Era a vida tentando me acenar para um futuro que não quero. Que não mereço.

E infinito que sou em mim mesmo, farei o melhor que seja imaginavelmente impossível de ser feito. E será melhor ao infinito. Para que todas as noites sejam dia. Para que as sombras sejam brisa de mar. Para que a chuva seja sol. E para que a solidão se transforme novamente no amor que nunca tive, mas que sempre senti. Basta querer que dessa vez seja a melhor...

Storto... 13-10-10

Seria assim


No mais real que a realidade fosse ela seria um sonho, como aqueles que não se quer que acabe. Como em contos de fadas e estradas com tijolos doces, arvores de algodão colorido e uma manhã resplandecente.
Ela traduz a beleza inocente do sorriso de uma criança e a educação que a sabedoria alinha. Refaz e se molda pela alegria que tem de viver e vive como só ela consegue, para reencontrar essa alegria a cada dia.
Faz-nos feliz por ser assim e nossa alegria é tão sincera quanto as verdade de uma vida vivida com retidão impecável.
E ela encanta...
Ela inebria como flores de orquídeas rosadas e fragrância do interior das matas mais intocadas. E nossa amizade se reza assim... Como só nós dois podemos entender. Como a luz de cada manhã me faz feliz. Pela certeza de que pelo menos suas palavras eu vou contemplar. Ainda que pela triste tela do computador... Ainda que pelo toque frio do teclado. Mas pelo BOM DIA caloroso e amável de tua presença em meu peito.

STORTO ... 18-10-10

O Sopro


Não. Eu não sei de tudo. O que me parece bem interessante e justo. Conheço duas opções para quem sabe tudo, a loucura ou a onipotência, e não pretendo alçar nenhum dos dois postos - muito trabalho.
Isso implica em outra conclusão irrefutável: Não sei muita coisa! O que também é muito justo, mas nem tão interessante assim.

Talvez algumas coisas devêssemos nascer sabendo. Alem é claro do direcionamento sensorial do seio de nossa mãe. Respeito, aceitação, beleza, trocar resistência de chuveiro e a arte da apreciação de fins de tarde.
Dentre as coisas que não nasci sabendo está o senso prático sentimental. E como faz falta! (Ter sem ter já seria uma afirmativa errônea, então tentemos outra) Acreditar no sentimento dos outros e se preservar na crença de que nos fizeram algum mau. É mais ou menos como querer que outros gostem da gente como se isso fosse uma verdade universal. E não é! Geralmente não quem imaginávamos querer que gostasse, ou da forma como queríamos que quem queríamos o fosse.
E pensar que tudo isso dura tão pouco. Dura somente o sopro de uma vida. Se o tempo tiver tempo para tomarmos fôlego para o sopro. Tão rápido e tão simples. E tantas perguntas...

Storto... 13-01-11

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Eu vi a luz que brilhava quando o sol dormia por trás do infinito azul

“Eu vi a luz que brilhava quando o sol dormia por trás do infinito azul. Ela me lembrava que as coisas nem sempre são lineares. Hoje o sol dormiu mais tarde...
Sentir seu peito junto ao meu, em alguns momentos de plenitude, me traz paz, calor, segurança e felicidade.
Um passarinho dorme na soleira da janela, tão só e tão lindo. Alguns raios de sol traçam pelos vidros da janela e correm sobre a mesa de vidro pardo. Refletem na parede que guarda uma pintura em óleo sobre tela do século passado. Ao longe, por entre a janela vê-se o mar. Faz-se paz. O risque-risque das arvores. Alguns pássaros a acordar e uma felicidade que paira como verdade, como fato. Eu, sentado à mesa, com os olhos fechados, tentando me concentrar e quem sabe voltar, me vejo em um túnel de fotos e fatos, uns felizes, outros tristes, mas todos representando uma vida que foi vivida. Chego aqui, novamente aqui... às onze da manhã, deste dia chuvoso... tentando contemplar o futuro. Um sonho recorrente que pode ser apenas mais um sonho, ou apenas a recorrência do que vai acontecer. Não sei...”

“Algumas coisas simplesmente acontecem”... Acho que essa é a melhor definição do que somos. Como o resultado preciso de decisões que não foram tomadas, simplesmente porque já existiam. Escrevemos, lemos, sentimos e sonhamos (...), separados em nossos mundos e unidos por uma trama de desejos que se consolidam na expectativa de não ter. Somos o “sonho de uma noite de verão” com a “razão aristotélica” nas ações. Somos a “insustentável leveza do ser” e a “aplicabilidade das leis” sem a necessidade do poder. Corremos entre os mundos sem tirar os pés do chão, e acho que justamente por isso conseguimos ver as coisas sobre um prisma tão psicodélico.

Vejo fatos e vontades de pessoas que simplesmente são assim... como são... nós dois. E eu quero cada dia ser mais você. Cada dia ser mais que ter. Cada dia. Cada dia. E mesmo que o Tempo sinta inveja e passe mais veloz, que as dúvidas estejam na certeza do coração, ou que não saibamos realmente o que vai acontecer, eu quero ser feliz, mais feliz, como estou agora tendo sua onipresença presente. E assim, feliz.

Storto... 11-08-10

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Para Começar


Hoje a noite inventou a idéia de não acabar. Azia. Calor. Vertigem deitado. E a solidão que não me abandona.
Lembra dos raios de Sol, do frescor do mar? Sinto-me ressecado pelo tempo, com sal a brotar em pele. E tudo isso parece ruim... Não é!
Imagino as pessoas e seus mundos. Imagino quando, como, onde. Vejo suas tristezas e lamentações. Alegrias e frivolidades. Às vezes aquele céu e mar de outrora.
Imagino todas as certezas com a esperança de uma criança e o pessimismo de um adulto.
O que fizeram com a gente?
O que fizemos?