Quem sou eu

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Não sei se alguma vez lhe contei o que observo em determinados escritos. Às vezes escrevemos muito a nosso respeito, mas do que pensamos, de um modo bem subjetivo. Seu livro está ficando ótimo. Claro que digo isto sem intenção de criticar. Não há espaço para críticas em nada que você escreve. "Os pensamentos de certos homens, mesmo os mais sombrios, dispensam comentários. Então eu só ouço..." - ou leio. É admirável o quanto você é verdadeiro - ou habilidoso em disfarçar o que sente. Será que existe um modo de cauterizar uma ferida aberta por um sentimento não correspondido? Você acredita que a indiferença é a resposta? Eu só tenho dúvidas. Quando escrevemos registramos derrotas e vitórias e revisamos nossas atitudes. Revemos nossos conceitos e valores. A cada ano, perco minhas certezas... decidi seguir um provérbio oriental: "Não há que ser rígido, antes seja flexível" Vou deixar tudo em aberto. "Talvez viver seja simplesmente isso, viver..." Eu queria escrever mais algumas coisas, mas farei isto numa ocasião e local apropriados. LOPES - um amigo

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Devaneios no século passado



Tenho pensado muito comigo mesmo, e parece que acabamos tendo a noção mais exata do fardo que carregamos.
Não estou falando da análise física da vida, mas me acho tão distante da sabedoria que até acredito que o fardo nada pesa, o problema é que não sei a força que tenho.
Tenho aprendido as lições de tolerância de forma desagradável. E mesmo com todas as possibilidades desse texto parecer com auto-ajuda, vou errar cem por cento.
“Goticamente me perdi nos becos escuros da Viena do século XVIII. Sujo, frio. Lembranças de um futuro que não sei se vive vêem à mente como vultos. Parece praia das highlands de uma vida mais próxima. Volto à realidade com um solavanco de uma guarda de capa azul, bem escura, próxima a altura dos cotovelos e capacete coco. Vejo-me torpe, tremulo. Caminho às vezes sem rumo, às vezes sem força. As imagens continuam vindo a mente como em bombardeio incessante. Caio. Contemplo bêbados e prostitutas a passar pela minha frente. Tão sujos ou piores que eu. À distância uma meretriz contrai mais uma doença. Alguns ratos banqueteiam à beira da porta da estalagem. Parece festa! Vejo luz e me levanto. Ando como a quem anseia por justiça de si mesmo. Bem suave contemplo aquele som inaudível anteriormente e tento decifrá-lo, por longos trinta anos...”
Mesmo que o resultado da criação de nossa juventude não seja um conto vienense regado á 9º de Beethoven, temos prenúncios de que para muitos a luz do salão de concerto nunca virá. Seja pela ignorância latente a vida toda. Seja pelo desprezo pelo próprio ser.

Storto... 19-09-2011

Série Inacabados - O Tempo (ou como as coisas parecem)




“Nunca procurei muitas explicações, apesar parecer justamente o contrário.”
O tempo sempre foi assim.
Estava me lembrando de quando comecei tudo isso aqui... um vazio...
Hoje pensei coisas para as quais não me dava há muito tempo, e no instante que tange o erro de uma vida senti um arrependimento enorme de tudo aquilo. Sempre tão pálida a sensação do erro...
Tento não olhar para o espelho com medo dessa idéia do pertencimento. Mas mesmo acreditando que não tenho o direito, permitirei o erro. Afinal, quem terá o privilégio de amargar, a conta gotas, a derrocada no fim da vida?
Essa dor que me acompanha desde os cinco estava naquele dia lá em casa, lembra? Uma aventura, um vestido e um fim de semana. Quanta coisa pode acontecer na vida sem que percebamos as minúcias das verdades, das responsabilidades.
Tento não me imaginar. Nem para bem. Nem para o mau. Mas as cores do vestido...

Storto... 11-09-2011

A Litle Help From My Friend (Ou A experiência de uma música vivida)

Harramat Ben Alli



Uma dúvida aterradora.
Viveremos toda a nossa vida sem entender nossos sentimentos?
Muitos são os pensamentos que percorrem o proceder de uma mente sem destino definido. tentei durante muito tempo não admitir que não sabia exatamente o que fazia com minha vida, com meus sentimentos, minha feições. e mesmo que nossas convicções não possam ser vividas eternamente sem um teste intermediário para o erro, eu tentei.
Tentei porque parecia ser o mais fácil a ser feito. Tentei porque sempre foi o mais encorajador a ser feito. Tentei porque... no fim do dia, sempre tentamos não nos machucar... sempre.
Admitir que não somos muito diante das maravilhas do universo é fácil, ou pelo menos parece. Mas só parece, afinal de contas, depois dos universos, das galáxias, dos sóis, dos planetas, das espécies e dos milhões nós, quem sou eu é a única pergunta que sobra.
O Motivo
Vinha eu pela rua, dentro de minha vida segura, dirigindo como sempre acontece nas quintas a tarde.
Um árabe, perdido, que só falava inglês (e árabe), e uma pronuncia muito difícil de roo..oo...(doviária). A procura do irmão, que não mora na minha cidade, e uma felicidade enorme por perceber, que mesmo através de uma tradução duvidosa, eu conseguia me comunicar com ele.
O Desenrolar
Eu não podia ficar parado. Fui e voltei na tentativa de achar uma solução. Não para ele, mas para mim. Eu era um daqueles indivíduos entre os seis bilhões com uma ótima possibilidade. Todos os meus tornaram-se para a obrigatoriedade de ajudá-lo, e não gostei de tê-lo deixado ao relento em sua noite como meu amigo. Em conversa com ele percebi que muito do que se passa na mente humana pode ser encoberto por sonhos, medos... Ele repetia constantemente: “eu preciso encontrar meu irmão”. E quem não precisa? Mesmo que não seja um de sangue. Essa era sua jornada, a minha era, talvez, menos penosa.
O Prólogo
Nem todas as histórias tem final feliz. Me lembro de brigar com o gerente do cinema da minha cidade por ocasião do lançamento de um filme que não tinha um fim exato. Eu dizia para ele: ˜esse filme é uma porcaria. Sem fim o filme não tem graça alguma”. Hoje acredito ser um ótimo filme (é que leva um certo tempo para apreciarmos o que não nos agrada).
A passagem de Harramat Ben Alli vai ficar assim. Sem agradar porque não teve fim. Conseguimos a passagem e a essa hora ele já embarcou. Me disse quando me despedi: “eu vou encontrar meu irmão. Ele vai ligar para você!”. Acho que vinte e quatro horas após conhece-lo sou menos de mim. Sou menos do que a humanidade pode fazer. 
A platina nas pernas e no nariz hão de esfriar como metal ao vento. E esquecer não é uma possibilidade. Tenho certeza que o que consegui para ele não fará a menor diferença com o passar do tempo, para mim ou para ele. Dinheiro, roupas, alimento. Nada disso adormece os tristes momentos que guarda em seu coração, e que em noites escuras, tornaram a mente com mais uma garrafa de cachaça. 
Psico
O tempo vai levar muitas dessas sensações. E não sei como poderei encarar isso daqui a algum tempo.
Ficou a impressão de como somos pequenos no mundo, mas do quanto podemos tentar a  diferença. 
Algumas frases que soavam como bordão de poeta “b” foram resignificadas. Ele me perguntou se eu era cristão, porque tinha me visto com a roupa da maçonaria. Nada mais que um erro comum. E como já versávamos sobre religião (o que soa um pouco clichê, entre um cristão e um muçulmano), eu disse a ele que embora fosse espiritista, acreditava e respeitava todas as crenças. Ele distante disso, disse: “Todos cremos em um só Deus. Apenas trocamos Seu nome”.
O Início do Fim
Um amigo meu lhe perguntou sobre sua família, e nessa hora vi um homem de traços já tão tristes pelo que a vida lhe citava, ficar um pouco pior. Ele perdera os pais e a esposa na guerra. Não tivemos tempo de falar sobre filhos, porque a essa altura minha garganta não conseguia nem lhe pedir desculpas por tão penosa lembrança. De alguma forma ele entendeu que eu também não tinha meus pais, o que não é verdade. E agora ele é que me pedia desculpas pelo que a vida havia me feito. Não tive tempo de desmentir.
Segurando em minha mão ele rezou por três vezes para que Ala me proteja, assim como ele o faz três vezes ao dia, direcionado à Meca. Fiquei imaginando como cenas de terror tão vorazes não destroem o coração daquela gente. Daquele homem.
Cheguei em casa pensando sobre como sou abençoado por tudo o que tive na vida. Uma família maior e melhor do que mereço. Amigos que soam como música para o coração desse trovador. Sublimação.
Ainda sem saber se conseguirei entender meus sentimentos rezo por ele.
Allahu al-Akbar pra você meu irmão!

Espero ser digno. 

Storto... 11-09-2011

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Expectativas






Existe possibilidade de nossas satisfações serem maiores que nossas expectativas?
Mesmo sem nossas expectativas serem atendidas?
Mesmo sem isso?
Mesmo assim?
Será que será sempre assim, frio e distante?
Mesmo parecendo tão perto?
Tão belo e distante?
Tão nós?
Somos tão firmes e sós que só contemplamos nós mesmos?
Seria tão triste sermos assim, ou seríamos assim e felizes?
Será que isso funciona?
Assim tão distante?
Minhas somas ainda asseiam por sopros da felicidade?
Ou seriam o som do trovão ecoados pelo fim dos tempos?
Ainda acredito nisso tudo?
Eu acho que sim... será?

Xavier
No dia primeiro do mês de setembro do ano de Nosso Senhor.