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Não sei se alguma vez lhe contei o que observo em determinados escritos. Às vezes escrevemos muito a nosso respeito, mas do que pensamos, de um modo bem subjetivo. Seu livro está ficando ótimo. Claro que digo isto sem intenção de criticar. Não há espaço para críticas em nada que você escreve. "Os pensamentos de certos homens, mesmo os mais sombrios, dispensam comentários. Então eu só ouço..." - ou leio. É admirável o quanto você é verdadeiro - ou habilidoso em disfarçar o que sente. Será que existe um modo de cauterizar uma ferida aberta por um sentimento não correspondido? Você acredita que a indiferença é a resposta? Eu só tenho dúvidas. Quando escrevemos registramos derrotas e vitórias e revisamos nossas atitudes. Revemos nossos conceitos e valores. A cada ano, perco minhas certezas... decidi seguir um provérbio oriental: "Não há que ser rígido, antes seja flexível" Vou deixar tudo em aberto. "Talvez viver seja simplesmente isso, viver..." Eu queria escrever mais algumas coisas, mas farei isto numa ocasião e local apropriados. LOPES - um amigo

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Desambiguação


Palavra esquisita. Cheia de significado e vazia.
É nesses dias que não sei por que somos. Porque queremos tanto algo que nem sabemos se é bom. Eu queria uma vida que não tenho. Mas acho que se eu tivesse a vida que não tenho não iria querer ela também. Acho que isso é parte do que somos. Todos. Uns mais outros menos. Mas todos.
Eu queria “a sorte de um amor tranqüilo”. Mas quem pode querer isso? Tão “boring”. Tão branco. Tão inglês. Sem ofensas é claro. Afinal de contas quem não gosta daqueles ônibuzinhos vermelhos? Ingleses, chatos, mas legais. Eu acho que eu não iria querer. Ter alguém sempre ao seu lado, sem mais um motivo pra estar lá por toda manhã de luz cálida. Todos os fins de semana no parque, pela grama. Ou na praia. Todas as músicas pra se ter sempre por perto. Todas as pinturas da casa no fim do ano. Os passeios pra casa dos nossos pais. Levar as crianças na escola. Entregar presente ainda na cama. Fazer café da manhã. Natal. Fazer festa surpresa. Ficar triste. Chorar. Ter mais motivos para voltar a sorrir e sorrir. Se beijar embaixo do visgo na noite de natal (muito norte americano, mas serve). Escolher trilhas sonoras de filmes. Lembrar da data de aniversário, esquecer a do casamento, mas nunca esquecer a data da sogra. Dia das mães. Termos sempre os amigos por perto, afinal de contas os amigos são sempre mais importantes!
Passar por gripes e outras enfermidades mais atrozes. A febre das crianças que não quer passar. O cabelo que ela insiste em tentar alisar, a filha que pretende fazer enrolar. Fazer pizza sexta à noite. Lembrar de chamar os amigos. Pagar as contas. Fazer novos amigos. Pintar a casa novamente. Ir escolher as plantas do jardim. Quem vai cuidar dos peixes? Preciso de um cadeado. Será que ela vai gostar desse perfume? Acho que sim. Esse é o quinto e até agora eu acertei...
Montar a arvore de natal. Escolher a casa no carnaval. Comprar o peixe da semana santa. Ir à feira com as crianças nos ombros. Dar importância a isso como parte das coisas boas da vida. Sempre se lembrar dos amigos. Da imortalidade da alma. Dos bons filmes e das musicas que nos marcaram. Terminar aquela partida de xadrez. Construir a casinha do cachorro. Tomar banho com ela sempre que possível. Fazer com que isso seja sempre possível. Cantar “She”. Recitar Neruda. Surpreendê-la. Sempre. Adormecer com ela em meus braços e acordar para vê-la dormindo. Quem sabe no chão, pra quebrar a rotina. Depois de um tempo quem sabe com as crianças nos acordando em um domingo de manhã. Talvez a luz que tenta entrar pela cortina. Talvez minha impaciência que tenta entrar em um sonho tão meu e tão longe. Talvez a inconsistência que impossibilita a realidade. Talvez a realidade que impossibilita o sonho. Quem sabe não “ser teu pão, nem tua comida”. De algum jeito, talvez, “todo amor que houver nessa vida”.
Mas “sem trocados”, por favor.

Storto.. 08-11-2010

6 comentários:

  1. "Lembrar da data de aniversário, esquecer a do casamento, mas nunca esquecer a data da sogra."

    Essa foi muito boa.

    Camarada, ficou muito bom o Blog... 100% de bom, parabéns ...

    "Cantar, tudo que vier na cabeça, eu vou cantar até que o dia amanheça eu vou cantar."

    Abraços...
    Will

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  2. Ao ler esse post, foi impossível não pensar em duas músicas do Legião: Leila e Descobrimento do Brasil. Tenho a impressão de que você as conhece. Legião é melancólico, é saudosista. Eu senti isso em seus textos.

    Gostei do jeito que você escreve. Já escrevi assim e de outras várias maneiras, hoje nem sei se escrevo de maneira alguma.

    Relutei em ler seu blog pois não queria influenciar um possível post, mas foi impossível não lê-lo.

    Boa sorte, blogueiro.
    Desejo muitas palavras pra você!;)

    Pan Montenegro

    http://vastasemocoes.blog.com

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  3. Mestre Will,

    Ter a atenção de mente tão perspicaz é motivo de grande satisfação para esse fiel trovador. Obrigado!

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  4. Camila,
    Muito feliz pelas singelas palavras. Realmente conheço as canções e, embora não as ouça há bastante tempo, acredito que fazem parte do hall de cultura que adquiri com o caminhar.
    Ainda engatinho no mundo do blog, embora escreva há muito tempo.
    Pude perceber que “Vastas Emoções” é lindo e muito particular. Parabéns!

    Obrigado pelo Post! Storto...

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  5. Não resisti e vim ler "Desambiguação"... E pra minha surpresa: "Essa é a vida que eu quis", e que eu invento em todas as minhas histórias que cismam em ficar apenas no meu imaginário...

    E quem não quer "Todo amor que houver nessa vida!"?!

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