Sombras que deveriam ser brumas me assustam, principalmente, quando chego perto das pessoas...
Essa angustia. Essa vontade de não ser. A vida resumida a momentos sozinho e desespero por e-mails não recebidos. Não compreendo muito bem a verdade das coisas. Não compreendo, nem de longe, o que vem a ser.
Você olhou pra mim como se não estivesse feliz e eu comecei a entender um pouco porque as pessoas suicidam. Todas as paredes da cidade me pareciam altas demais mesmo que estivessem em meus pés. Algumas coisas se explicam e não se fazem entender...
Certas vezes a certeza inunda de claridade a visão de quem as tem. Certas vezes a claridade dura somente tempo bastante para se certificar que a derrota é eminente ou que a vitória será difícil.
Durante alguns instantes me faltaram palavras que poderiam ser descritas em frases cheias ou sem nenhum sentido. Eu fiquei sem escrever... e no que tange minha consciência acho que nunca fui tão sozinho.
As palavras me acusam sem que eu possa, nem ao menos, proteger-me de seus sentidos múltiplos, seja empregada pelos homens, seja pela minha incredulidade punitiva.
As coisas estão se configurando diferentemente do que faziam a algum tempo. Pela primeira vez eu tenho medo da vida. Pela primeira vez algo começa a me fazer realmente falta. E é estranho não saber o que é ou o que fazer... Não me configuro entre meus sonhos em filmes de guerra ou mesmo nos versos das minhas canções de amor (Apud, HG).
Me entorpece acordar com a fragrância de rosas frescas. Com o tempo comecei a sentir que seu cheiro purificava minhas narinas empreguinadas de nicotina. Noites passadas sem conseguir dormir. Entre bares e cavernas podia reviver meus tempos débeis de irracionalidade. Tempo em que eu podia fugir das verdades e dos amores.
É límpida a noção de que não consigo lhe esquecer, e me enlouquece a perpétua verdade de que não posso lhe ter por perto.
Storto... Agosto de 2004